Vol. 9, No 23, p. 1549-1557 - 31 dez. 2022
Solarização no controle de plantas infestantes
Fábio Zanella e Ana Lúcia da Silva Lima
Resumo
Os altos custos econômicos e ambientais, para o controle químico das plantas infestantes na agricultura, têm demandado o advento de novas metodologias para o combate das plantas indesejáveis nas lavouras brasileiras. Dentre os métodos físicos para o controle às invasoras, destaca-se a solarização, uma técnica amplamente empregada em horticultura e que aproveita a energia solar para aquecer o solo e, desse modo, eliminar propágulos de plantas indesejáveis, previamente ao cultivo de interesse. O presente trabalho investigou o uso da solarização no controle da infestação de plantas invasoras em solos cultivados com hortaliças. O experimento foi desempenhado entre fevereiro e maio de 2022. Foram testados quatro períodos de exposição do solo à solarização, sendo T1 (3), T2 (6), T3 (9) e T4 (12 semanas), sendo determinada a temperatura do solo sob as profundidades de 2, 5 e 10 cm. Ao término de cada período, o plástico foi retirado e, sob condições ambiente, ocorreu o desenvolvimento das plantas infestantes. Para isso, foram avaliadas as seguintes variáveis, (a) identificação das espécies e (b) biomassa das invasoras. Os dados de biomassa seca foram submetidos à análise de variação simples (ANOVA) e as médias de cada tratamento comparadas pelo Teste de Tukey ao nível de probabilidade de 5%. O azevém (Lolium multiflorum Lam.) foi a espécie que se desenvolveu sob todos os períodos de solarização, alho-bravo (Nothoscordum gracile (Aiton) Stearn) e trapoeraba (Commelina benghalensis L.) ocorreram após o T1, enquanto que cipó-balão (Anredera cordiflora (Ten.) Steenis) e azedinha (Oxalis latifolia Kunth) foram identificados sob T1 e T2, já o nabo-bravo (Raphanus rafanistrum L.) desenvolveu-se nos tratamentos T3 e T4. Os resultados indicaram um significativo efeito da solarização na inibição do crescimento de plantas invasoras, para os períodos de 9 e 12 semanas de exposição. Assim, o processo de solarização mostrou-se efetivo quanto ao decréscimo do potencial de sementes e propágulos de plantas espontâneas, para as condições testadas.
Palavras-chave
Fitossanidade; Plantas espontâneas; Aquecimento do solo; Germinação de plantas daninhas.
Abstract
Solarization in weed control. Environmental and economic costs for chemical control
of invasive plants, in agriculture, has demanded new methods in order to control undesirable
plants in Brazilian crops. Amongst physic methods for weeds control, solarization emphasizes
as a widely used technique in horticulture, which uses solar energy to promote soil heating
and then, eradicates propagating material of undesirable plants, previously establishment of
main culture. This work aimed at investigates solarization on invasive plants in soil upon
vegetables cultivation. The research was performed from February to May 2022. Four periods
of solarization were evaluated, as follows: T1 (3), T2 (6), T3 (9), and T4 (12 weeks), the
soil temperature was determined at 2, 5, and 10 cm depth. By the end of each period, plastic
film was removed and the further weeds development occurred under environmental conditions.
To perform that, the following parameters were obtained, (a) identifications of species, and
(b) weed growth. Dry mass data were submitted to simple variation statistical analysis and
average data compared each other by Tukey Test at probability level of 5%. Ryegrass
(Lolium multiflorum Lam.) developed under all solarization periods, wild garlic
(Nothoscordum gracile (Aiton) Stearn) and benghal dayflower (Commelina
benghalensis L.) occured after T1, while fat leaf (Anredera cordiflora (Ten.)
Steenis) and fishtail oxalis (Oxalis latifolia Kunth) were identified upon T1 and T2,
whereas wild radish (Raphanus rafanistrum L.) grown at T3 and T4 treatments. Results
pointed to a remarkable influence of solarization on inhibiting development of infestant
plantas under 9 (T3) and 12 (T4) weeks. Thus, solarization shown effectiveness on decreasing
of the potential of seeds and propagules of spontaneous weeds, for the conditions tested.
Keywords
Plant protection; Spontaneous plants; Soil heating; Weeds germination.
DOI
10.21438/rbgas(2022)092326
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