Vol. 8, No 19, p. 691-700 - 31 ago. 2021
Espacialização do grau de vulnerabilidade dos solos da Bacia do Rio Preto, Bahia, Brasil
Nayara Caroline Moreira Leopoldo , Bruna de Freitas Iwata , Tancio Gutier Ailan Costa , Juliana Vogado Coelho , Gleide Ellen dos Santos Clementino e Cristian Epifânio de Toledo
Resumo
O Cerrado Baiano ou Gerais Baiano, como é comumente citado, abrange importantes unidades territoriais do bioma, as bacias hidrográficas. Essas exercem grande papel ecológico, por serem as principais contribuintes dos afluentes da margem esquerda do Rio São Francisco, na qual garantem uma perene disponibilidade hídrica para múltiplos usos, com destaque para os projetos de irrigação, assim como algumas usinas hidroelétricas do nordeste brasileiro. Nesta perspectiva, a presente pesquisa objetivou especializar os níveis de vulnerabilidade ambiental decorrentes dos processos degradativos do solo na Bacia do Rio Preto, Estado da Bahia, Brasil. Para a determinação da vulnerabilidade dos solos, foram atribuídas notas de risco à degradação para cada um dos critérios (geomorfologia, pedologia, vegetação, geologia e clima, sendo então obtido o mapa de vulnerabilidade da bacia). Após o cálculo dos graus de vulnerabilidade, os dados foram especializados utilizando estatística multivariada pelo uso da Krigagem, por meio do software ArcGIS 10.3, permitindo a distribuição dos graus pelos solos da bacia. Este método permitiu agregar os valores dos componentes ambientais a área da bacia estudada, e desse modo, gerar uma espacialização dos níveis de vulnerabilidade pela área total. O estudo da espacialização dos graus de vulnerabilidade da Bacia do Rio Preto verificou um predomínio em 75% da área total da bacia, do grau de vulnerabilidade calculado de 2,0, decorrente dos elementos do ambiente, com influência predominante da tipologia fitofisionômica da bacia. A análise da vulnerabilidade ambiental permitiu verificar que a Bacia do Rio Preto encontra-se, em sua maior parte, em situação medianamente/estável-vulnerável, o que se torna um fator preocupante, principalmente pelo desenvolvimento das áreas de pastagens e agricultura mecanizada por décadas inseridas nos locais de maior vulnerabilidade ambiental, principalmente nas zona ecotonal de maior susceptibilidade a erosão dos solos, que representam um predomínio em 75% da área total da bacia. O estudo da espacialização da vulnerabilidade da Bacia do Rio Preto utilizando o método de apresentou resultados que podem ser utilizados para estudos de planejamento relativos à questão espacial e ambiental da bacia.
Palavras-chave
Interpolação espacial; Uso e ocupação do solo; Solos
vulneráveis.
Abstract
Spatialization of the vulnerability level of the soils of the Rio Preto Watershead,
Bahia, Brazil. The Cerrado Baiano or Gerais Baiano, as it is commonly quoted, covers
important territorial units of the biome, the basins. These have a great ecological
role, as they are the main contributors of the tributaries of the left bank of the
São Francisco River, in which they guarantee a perennial water availability for
multiple uses, especially the irrigation projects, as well as some hydroelectric power
plants in the Brazilian northeast. In this perspective, the present research aimed to
specialize the levels of environmental vulnerability due to soil degradation processes
in the Rio Preto Basin, State of Bahia, Brazil. For the determination of soil
vulnerability, were assigned degradation risk notes for each of the following criteria
(geomorphology, pedology, vegetation, geology and climate, and the vulnerability map of
the basin) was obtained. After calculating the vulnerability levels, the data were
specialized using multivariate statistics using Kriging, using the software ArcGIS 10.3,
allowing the distribution of the degrees by the soils of the basin, the method allowed
to aggregate the values of the environmental components to the area of the basin studied,
thus generating spatialization of levels of vulnerability across the total area. The study
of the spatialization of vulnerability degrees of the Rio Preto Basin found a predominance
in 75% of the total area of the basin, the degree of vulnerability calculated of 2.0, due
to the elements of the environment, with predominant influence of the phytophysiological
typology of the basin. The analysis of the environmental vulnerability allowed to verify
that the basin of the Rio Preto is, for the most part, in a moderately/stable-vulnerable
situation, which becomes a worrisome factor, mainly for the development of the pasture and
mechanized agriculture for decades inserted in the places of greater environmental
vulnerability, mainly in the ecotonal zone of greater susceptibility to the erosion of
the soils, that represent a predominance in 75% of the total area of the basin. The study
of the vulnerability spatialization of the Rio Preto Basin using the method presented
results that can be used for planning studies related to the spatial and environmental
issue of the basin.
Keywords
Spatial interpolation; Land use and occupation; Vulnerable soils.
DOI
10.21438/rbgas(2021)081902
Texto completo
PDF
Referências
Alves, R. R.; Brasil, J.; Meira, S. A.; Feitosa, G. D. Fragilidade ambiental na Bacia
Hidrográfica do Rio Preto - Oeste da Bahia. In: Mondardo, M. L. (Org.).
Espaços agrários e meio ambiente: Bahia, Bahias. Salvador:
Ponto da Cultura, 2011. p. 204-222.
Araújo, A. S. F. Monteiro, R. T. R. Indicadores biológicos de qualidade
do solo. Bioscience Journal, v. 23, n. 3, p. 66-75, 2007.
Barbosa, A. S.; Schmiz, P. I. Ocupação indígena do cerrado: esboço
de uma história. In: Sano, S. M., Almeida, S. P. Cerrado: ambiente e flora.
Planaltina: Embrapa, 1998. p. 3-42.
Crepani, E.; Medeiros, J. S.; Hernandez Filho, P.; Florenzano, T. G.; Duarte, V.; Barbosa,
C. C. F. Sensoriamento remoto e geoprocessamento aplicados ao zoneamento
ecológico-econômico e ao ordenamento territorial. São José
dos Campos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2001. (INPE-8454-RPQ/722).
Cunha, N. G.; Silveira, R. J. C.; Severo, C. R. S. Estudos dos solos do Município
de Arroio Grande. Pelotas: Ed. UFPel, 1996.
Cunha, C. R. C.; Dupas, A. F.; Pons, D. A. N.; Tundisi, J. G. Análise da influência
das variáveis ambientais utilizando inferência fuzzy e zoneamento das vulnerabilidades.
Estudo do caso da Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Feijão, São
Carlos-SP. Geociências, v. 30, n. 3, p. 399-414, 2011.
Donagemma, K. G.; Calderano, B.S.; Manzatto, V. C; Bernardi, A.; Gregoris, G.; Dowich, I.
Comportamento físico-químico, aspectos mineralógicos e resposta ao
manejo de Latossolos de textura média do Oeste da Bahia. Anais da XVIII Reunião
Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, Teresina, Embrapa
Meio-Norte, Universidade Federal do Piauí, 2010.
Farias, R. R. S.; Castro, A. A. J. F. Fitossociologia de trechos da vegetação do
Complexo de Campo Maior, Campo Maior, PI, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 18,
p. 949-963, 2004. https://doi.org/10.1590/S0102-33062004000400025
Freitas, P. L.; Bernardi, A. C. C.; Manzatto, C. V.; Ramos, D. P.; Döwich, I.; Landers, J. N.
Comportamento físico-químico dos solos de textura arenosa e média do
oeste baiano. Rio de Janeiro: Embrapa Solos: 2004. (Comunicado técnico, 27).
Gaspar, M. T. P. Sistema Aquífero Urucuia: caracterização regional
e proposta de gestão. Brasília: Universidade de Brasília, 2006.
(Tese de doutorado).
Geneletti, D. Using spatial indicators and value functions to assess ecosystem fragmentation
caused by linear infrastructures. International Journal of Applied Earth Observation and
Geoinformation, v. 5, p. 1-15, 2004. https://doi.org/10.1016/j.jag.2003.08.004
Goedert, W. J.; Oliveira, S. A. Fertilidade do solo e sustentabilidade da atividade
agrícola. In: Novais, R. F.; Alvarez, V. V. H.; Barros, N. F.; Fontes, R. L.;
Cantarutti, R. B.; Neves, J. C. L. (Eds.). Fertilidade do solo. Viçosa:
SBCS, 2007. p. 991-1017.
Marchão, L. R.; Vilela, L.; Paludo, L. A.; Guimarães Júnior, R. Impacto
do pisoteio animal na compactação do solo sob integração
lavoura-pecuária no oeste baiano. Planaltina: EMBRAPA Cerrados, 2009.
MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Secretaria de
Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento. Coordenação-Geral de
Mudanças Globais de Clima. Brasília, 2016.
Mueller, C. C. Dinâmica, condicionantes e impactos sócio-ambientais da
evolução da fronteira agrícola no Brasil. Rio de Janeiro:
Instituto Sociedade, População e Natureza, 1995. (Documento de Trabalho, 7).
Paupitz, J. Versão Final do Relatório Nacional de Implementação
da UNCCD. Brasília: Secretaria de Extrativismos e Desenvolvimento Rural
Sustentável, 2013.
Sampaio, B. S. V. E. Uso e conservação dos recursos florestais da Caatinga:
caracterização do Bioma Caatinga. Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 2010.
SRH - Superintendência de Recursos Hídricos. Plano Estadual de Recursos Hídricos
da Bahia (PERH-BA). Salvador: Magna/BRL Ingénierie, 2003.
Tschiedel, M. W. Aplicação de estudo geofísico como contribuição
ao conhecimento da tectônica da Sub-Bacia Urucuia. Brasília: Universidade de
Brasília, 2004. (Dissertação de mestrado).
Viana, V. M. Biologia e manejo de fragmentos florestais naturais. Anais do VI Congresso Florestal
Brasileiro, Campos do Jordão, SBS, SBEF, p. 113-118, 1990.
ISSN 2359-1412