Exercício físico e conexão com a Natureza: um estudo de caso em João Pessoa no Brasil

Humberto da Nóbrega Alves e Luane Maria Melo de Azeredo , Luiz Carlos Serrano López e Reinaldo Farias Paiva de Lucena

Resumo
O objetivo foi avaliar as relações entre conexão com a Natureza e a prática de exercício físico regular outdoor (ar livre) e indoor (ambientes fechados) de praticantes de exercícios físicos outdoor e indoor no Município de João Pessoa-PB. Foram analisados os dados socioeconômicos, hábitos de exercício físico/repouso noturno, bem estar (afetos positivos, afetos negativo, aflição, bem estar), dobras cutâneas e conexão com a Natureza em uma amostra de 300 pessoas praticantes de exercícios físicos. Foi utilizado como modelo de análise linear o Critério de Informação Bayesiano (BIC), com intervalo de confiança de 95% (p < 0,05), além da distribuição percentual, médias e desvios padrões das variáveis de estudo por meio do programa estatístico R. As pessoas entrevistadas tinham idade entre 18 e 80 anos, com rendimento acima de um salário mínimo e maioria com ensino médio e superior completos. O exercício físico principal da maioria das pessoas era a caminhada. Foi constatado pelo Critério de Informação de Bayesiano (BIC) uma correlação positiva entre o grau de conexão com Natureza e afetos positivos (t = 2,878; p < 0,01), com a aflição (t = 3,286; p < 0,01), com o bem-estar (t = 3,453; p < 0,001) e com a variável grupo outdoor (t = 3,801; p < 0,001). Já as correlações negativas foram encontradas centre o grau de conexão com a natureza e os afetos negativos (t = -3,958; p < 0,001); com as dobas cutâneas (t = -3,057; p < 0,01); e com a intensidade exercício físico principal (t = -3,876; p < 0,001). Os resultados apontam para uma relação significativa entre a conexão com a Natureza e o exercício físico convergindo para uma melhoria de saúde e qualidade de vida da população.

Palavras-chave
Exercício físico; Qualidade de vida; Saúde; Conexão com a Natureza.

Abstract
Physical exercise and connection with Nature: A case study in João Pessoa in Brazil. The objective was to evaluate the relationship between nature and the practice of regular indoor and outdoor physical exercise in the Municipality of João Pessoa-PB. Socioeconomic data, habits of physical exercise/nocturnal rest, well-being (positive affections, negative affects, distress, well-being), skinfolds and connection with nature were analyzed in a sample of 300 people practicing physical exercises. The Bayesian information criterion (BIC) with a 95% confidence interval (p < 0.05) was used as the linear analysis model, as well as the percentage distribution, means and standard deviations of the study variables using the statistical program R. The people interviewed were between 18 and 80 years of age, with income above a minimum wage and the majority with a high school and higher education. The main physical exercise of most people was walking. The Bayesian Information Criterion (BIC) found a positive correlation between the degree of connection with nature and positive affects (t = 2.878; p < 0.01); with the affliction (t = 3.286, p < 0.01); and with well-being (t = 3.453, p < 0.001); and with the outdoor group variable (t = 3.801; p < 0.001); On the other hand, negative correlations were found: the degree of connection with nature and negative affects (t = -3.958; p < 0.001); with skin dobras (t = -3.057, p < 0.01); and the intensity of the main physical exercise (t = -3.876, p < 0.001). The results indicate a significant relationship between the connection with nature and physical exercise, converging to improve health and quality of life of the population.

Keywords
Physical exercise; Quality of life; Health; Connectedness to Nature.

DOI
10.21438/rbgas(2021)081819

Texto completo
PDF

Referências
Abrantes, M. M., Lamounier, J. A.; Colosimo, E. Comparison of body mass index values proposed by Cole et al. (2000) and Must et al. (1991) for identifying obese children with weight-for-height index recommended by the World Health Organization. Public Health Nutrition, v. 6, n. 3, p. 307-311, 2003. https://doi.org/10.1079/PHN2002426

Alves, H. N.; Azeredo, L. M. M.; López, L. C. S.; Lucena, R. F. P. Relaçães entre exercício físico outdoor e indoor, bem-estar subjetivo e conexão com a Natureza. Revista Brasileira de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, v. 6, n. 14, p. 773-786, 2019. https://doi.org/10.21438/rbgas.061411

Alves, H. N.; Azeredo, L. M. M.; López, L. C. S.; Lucena, R. F. P. Bem-estar subjetivo e exercício físico. Revista Brasileira de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, v. 8, n. 18, p. 327-340, 2021. https://doi.org/10.21438/rbgas(2021)081821

Anjos, L. A. Índice de massa corporal (massa corporal estatura) como indicador do estado nutricional de adultos: revisão da literatura. Revista de Saúde Pública, v. 26, n. 6, p. 431-436, 1992. https://doi.org/10.1590/S0034-89101992000600009

Araújo, D. S. M.; Araújo, C. G. S. Aptidão física, saúde e qualidade de vida relacionada à saúde em adultos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 6, n. 5, p. 194-203, 2000. https://doi.org/10.1590/S1517-86922000000500005

Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n^o 466, de 12 de dezembro de 2012. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html>. Acesso em: 21 abr. 2020.

Calogiuri, G.; Nordtug, H.; Weydahl, A. The potential of using exercise in nature as an intervention to enhance exercise behavior: Results from a pilot study. Percept Motor Skills, v. 121, n. 2, p. 350-370, 2015. https://doi.org/10.2466/06.PMS.121c17x0

Carvalho, Y. M. Atividade física e saúde: onde está e quem é o "sujeito" da relação? Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 22, n. 2, p. 9-21, 2001.

Cole, T. J.; Bellizzi, M. C.; Flegal, K. M.; Dietz, W. H. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: International survey. British Medical Journal, v. 320, n. 7.244, p. 1240-1243, 2000. https://doi.org/10.1136/bmj.320.7244.1240

Florindo, A. A.; Latorre, M. R. D.; Tanaka, T.; Jaime, P. C.; Zerbini, C. A. F. Fatores associados à prática de exercícios físicos em homens voluntários adultos e idosos residentes na Grande São Paulo, Brasil. Revista Brasilira de Epidemiologia, v. 4, n. 2, p. 105-113, 2001. https://doi.org/10.1590/S1415-790X2001000200005

Florindo, A. A.; Salvador, E. P.; Reis, R. S.; Guimarães, V. V. Percepção do ambiente e prática de atividade física em adultos residentes em região de baixo nível socioeconômico. Revista de Saúde Pública, v. 45, n. 2, p. 302-310, 2011. https://doi.org/10.1590/S0034-89102011000200009

Freire, R. F.; Lélis, F. L. O. Prática regular de atividade física: estudo de base populacional no norte de Minas Gerais, Brasil. Revista Brasielira de Medicina do Esporte, v. 20, n. 5, p. 345-349, 2014. https://doi.org/10.1590/1517-86922014200502062

Fuegen, K.; Breitenbecher, K. H. Walking and being outdoors in nature increase positive affect and energy. Ecopsychology, v. 10, n. 1, p. 14-25, 2018. https://doi.org/10.1089/eco.2017.0036

Graciano, M. I. G. Estudo socioeconômico: um instrumento técnico-operativo. Anais do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), USP, Bauru, 2013. Disponível em: <http://www.producao.usp.br/handle/BDPI/43746>. Acesso em: 21 abr. 2020.

Guedes, D. P. Composição: princípios, técnicas e aplicações. 2. ed. Londrina: APEF, 1994.

Krinski, K.; Machado, D. G. S.; Lirani, L. S.; Silva, S. G.; Costa, E. C.; Hardcastle, S. J.; Elsangedy, H. M. Let's walk outdoors! self-paced walking outdoors improves future intention to exercise in women with obesity. Jounal of Sport and Exercise Psychology, v. 39, n. 2, p, 145-157, 2017. https://doi.org/10.1123/jsep.2016-0220

Lacharité-Lemieux M.; Dionne, I J. Physiological responses to indoor versus outdoor training in postmenopausal women. Journal of Aging and Physical Activity, v. 24, n. 2, p. 275-283, 2016. https://doi.org/10.1123/japa.2015-0019

Legrand, F. D.; Race, M.; Herring, M. P. Acute effects of outdoor and indoor exercise on feelings of energy and fatigue in people with depressive symptoms. Journal of Environmental Psychology, v. 56, n. 4, p. 91-96, 2018. https://doi.org/10.1016/j.jenvp.2018.03.005

Loureiro, A.; Veloso, S. Outdoor exercise, well-being and connectedness to nature. Psico, v. 45, n. 3, p. 299-304, 2014.

Maciel, M. G. Atividade física e funcionalidade do idoso. Motriz, v. 16, n. 4, p. 1024-1032, 2010. https://doi.org/10.5016/1980-6574.2010v16n4p1024

Marselle, M. R.; Irvine, K. N.; Warber, S. Examining group walks in nature and multiple aspects of well-being: a large scale study. Ecopsycology, v. 6, n. 3, p. 134-148, 2014. https://doi.org/10.1089/eco.2014.0027

Martins, P. J. F.; Mello, M. T.; Tufik S. Exercício e sono. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 7, n. 1, p. 28-36, 2001. https://doi.org/10.1590/S1517-86922001000100006

Matsouka, O.; Kabitsis, C.; Harahousou, Y.; Trigonis, I. Mood alterations following an indoor and outdoor exercise program in healthy elderly women. Percept Motor Skills, v. 100, n. 3, p. 707-715, 2005. https://doi.org/10.2466/PMS.100.3.707-715

Matsudo, S. M.; Matsudo, V. K. R.; Barros Neto, T. L. Atividade física e envelhecimento: aspectos epidemiológicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 7, n. 1, p. 2-13, 2001. https://doi.org/10.1590/S1517-86922001000100002

Mayer, F. S.; Franz, C. M. The connectedness to nature scale: A measure of individuals' feeling in community with nature. Journal of Environmental Psychology, v. 24, n. 4, p. 503-515, 2004. https://doi.org/10.1016/j.jenvp.2004.10.001

Minayo, M. C. S.; Hartz, Z. M. A.; Buss P. M. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência & Saúde Coletiva, v. 5, n. 1, p. 7-18, 2000. https://doi.org/10.1590/ S1413-81232000000100002

Monteiro, H. L.; Gonçalves, A.; Padovani, C. R.; Fermino Neto, J. L. Fatores socioeconômicos e ocupacionais e a prática de atividade física regular: estudo a partir de policiais militares em Bauru, São Paulo. Motriz, v. 4, n. 2, p. 92-97, 1998. https://doi.org/10.5016/6609

Must, A.; Dallal, G. E.; Dietz, W. H. Reference data for obesity: 85th and 95th percentiles of body mass index (wt/ht2) and triceps skinfold thickness. American Journal of Clinical Nutrition, v. 53, n. 4, p. 839-846, 1991. https://doi.org/10.1093/ajcn/53.4.839

Niedermeier, M.; Einwanger, J.; Hartl, A.; Kopp, M. Affective responses in mountain hiking: A randomized crossover trial focusing on differences between indoor and outdoor activity. PLoS ONE, v. 12, n. 5, p. 1-17, 2017. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0177719

Pasanen, T. P.; Tyrväinen, L.; Korpela, K. M. The relationship between perceived health and physical activity indoors, outdoors in built environments, and outdoors in nature. Applied Psychology: Health Well-Being, v. 6, n. 3, p. 324-346, 2014. https://doi.org/10.1111/aphw.12031

Pessoa, V. S.; Gouveia, V. V.; Soares, A. K. S.; Vilar, R.; Freires, L. A. Escala de conexão com a natureza: evidências psicométricas no contexto brasileiro. Estudos de Psicologia, v. 33, n. 2, p. 271-282, 2016. https://doi.org/10.1590/1982-02752016000200009

Petroski, E. L. Equações antropométrica: subsídios para uso do estudo da composição corporal. In: Petroski, E. L. Antropometria: técnica e padronização. Porto Alegre: Palotti, 1999. p. 69-86.

Pollock, M. L.; Wilmore, J. H. Exercícios na saúde e na doença: avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. São Paulo: MEDSI, 1993.

Puett, R.; Teas, J.; España-Romero, V.; Artero, E. G.; Lee, D. C.; Baruth, M.; Sui, X.; Montresor-López, J.; Blair, S. N. Physical activity: Does environment make a difference for tension, stress, emotional outlook, and perceptions of health status? Journal of Physical Activity and Health, v. 11, n. 8, p. 1503-1511, 2014. https://doi.org/10.1123/jpah.2012-0375

Rogerson, M.; Gladwell, V. F.; Gallagher, D. J.; Barton, J. L. Influences of green outdoors versus indoors environmental settings on psychological and social outcomes of controlled exercise. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 13, n. 4, p. 363-378, 2016. https://doi.org/10.3390/ijerph13040363

Silva, I. J. O.; Alexandre, M. G.; Ravagnani, F. C. P.; Silva, J. V. P.; Coelho-Ravagnani, C. F. Atividade física: espaços e condições ambientais para sua prática em uma capital brasileira. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 22, n. 3, p. 53-62, 2014. https://doi.org/10.18511/0103-1716/rbcm.v22n3p53-62

Weng, P. Y.; Chiang, Y. C. Psychological restoration through indoor and outdoor leisure activities. Journal of Leisure Research, v. 46, n. 2, p. 203-217, 2014. https://doi.org/10.1080/00222216.2014.11950320

Wood, C. J.; Pretty, J.; Griffin, M. A case-control study of the health and well-being benefits of allotment gardening. Journal of Public Health, v. 38, n. 3, p. 336-344, 2016. https://doi.org/10.1093/pubmed/fdv146


 

ISSN 2359-1412