Revista Brasileira de Gestao Ambiental e Sustentabilidade (ISSN 2359-1412)
Bookmark this page

Home > Edições Anteriores > v. 8, n. 20 (2021) > Teixeira

 

Vol. 8, No 20, p. 1515-1532 - 31 dez. 2021

 

Energia de fontes renováveis na matriz energética brasileira: uma revisão sobre o panorama atual e perspectivas futuras



Rachel Leser Burock Chamarelli Teixeira e Wanderson Amaral da Silva

Resumo
As crises energética e ambiental impulsionaram a busca por fontes renováveis de energia ao redor do mundo nos últimos anos. No entanto, a matriz energética mundial permanece com alta concentração de combustíveis fósseis, que são poluentes e possuem preços sujeitos a instabilidades. Sendo assim, por meio de pesquisa bibliográfica, este trabalho consiste em discutir aspectos econômicos e socioambientais sobre o panorama atual e perspectivas das fontes renováveis de energia na matriz energética brasileira. Neste artigo serão tratadas as fontes de energia: solar e eólica, que têm crescido em uma taxa acelerada mundialmente e no Brasil a situação é semelhante; à hidráulica que é muito relevante no contexto nacional, porém nem todos os países dispõem deste recurso; a biomassa, que tem como principais características o aproveitamento de subprodutos e a geração de combustíveis para veículos; e a marítima que possui um grande potencial devido ao extenso litoral nacional. As fontes de energia que terão maior crescimento de implantação a nível nacional serão a térmica que, apesar de ser não renovável, complementa a matriz energética e fornece maior garantia em momentos de pico de uso de energia, a eólica e solar por serem fontes mais limpas e possuírem bom custo-benefício. A hidráulica e biomassa terão seu crescimento menor nos próximos anos, mas já possuem alta participação na matriz energética. Já com relação à energia marítima, existem diversos projetos em estudo devido à extensa área costeira nacional que pode ser explorada. Portanto, o Brasil possui grande capacidade de geração de energia através de todas as fontes citadas e se consolidar como um dos países com matriz energética predominantemente limpa.


Palavras-chave
Energia renovável; Meio ambiente; Matriz energética brasileira.

Abstract
Renewable energy in the Brazilian energy matrix: A review of the current scenario and future perspectives. The energy and environmental crises have driven the search for renewable energy sources around the world in recent years. However, the world energy matrix remains highly concentrated on fossil fuels, which are pollutants and have prices subject to instability. Therefore, by means of bibliographical research, this work consists of discussing economical and socio-environmental aspects about the current scenario and perspectives of renewable energy sources in the Brazilian energy matrix. This article will address the following energy sources, solar and wind, which have been growing at an accelerated rate worldwide and in Brazil the situation is similar; hydroelectric power, which is very relevant in the national context, but not all countries have this resource; biomass, whose main characteristics are the use of by-products and the generation of fuels for vehicles; and marine energy, which has a great potential due to the extensive national coastline. The energy sources that will have the largest growth of implementation at a national level will be the thermal source, which, despite being non-renewable, complements the energy matrix and provides greater assurance at times of peak energy use, wind and solar because they are cleaner sources and have a good cost-benefit. Hydropower and biomass will have their growth slower in the coming years, but they already have a high participation in the energy matrix. As for the marine energy, there are several projects under study due to the extensive national coastal area that can be explored. Therefore, Brazil has a great capacity to generate energy through all the sources mentioned and consolidate itself as one of the countries with a predominantly clean energy matrix.


Keywords
Renewable energy; Environment; Brazilian energy matrix.

DOI
10.21438/rbgas(2021)082016

Texto completo
PDF

Referências
Amato, F. Incentivo a fontes de energia vai custar R$ 5,6 bilhões aos consumidores em 2020, diz Aneel. G1-Globo, 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/01/26/incentivo-a-fontes-de-energia-vai-custar-r-56-bilhoes-aos-consumidores-em-2020-diz-aneel.ghtml>>. Acesso em: 19 fev. 2021.

Amundarain, M.; Alberdi, M.; Garrido, A. J.; Garrido, I.; Maseda, J. Wave energy plants: Control strategies for avoiding the stalling behaviour in the Wells turbine. Renewable Energy, v. 35, n. 12, p. 2639-2648, 2010. https://doi.org/10.1016/j.renene.2010.04.009

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. Relatório ANEEL 10 anos. Brasília: ANEEL, 2008. Disponível em: <https://www.aneel.gov.br/documents/656835/14876457/2008_Relatorio10Anos/3e6e6e85-c2d9-98a3-d5fb-7646289abdf0>. Acesso em: 23 jan. 2021.

Bermann, C. Crise ambiental e as energias renováveis. Ciência e Cultura, v. 60, n. 3, p. 20-29, 2008.

BP. Statistical Review of World Energy. 68. ed. 2019. Disponível em: <https://www.bp.com/content/dam/bp/business-sites/en/global/corporate/pdfs/energy-economics/statistical-review/bp-stats-review-2019-full-report.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2021.

Brito, M. C.; Silva, J. A. Energia fotovoltaica: conversão de energia solar em eletricidade. O instalador, 2006. Disponível em: <http://solar.fc.ul.pt/i1.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2020.

Correa-Macana, E.; Comim, F. Mudança climática e desenvolvimento humano: uma análise baseada na abordagem das capacitações de Amartya Sen. Economia, Sociedad y Territorio, v. 8, n. 43, p. 577-618, 2012.

Edenhofer, O.; Madruga, R. P.; Sokona, Y.; Seyboth, K.; Matschoss, P.; Kadner, S.; Zwickel, T.; Eickemeier, P.; Hansen, G.; Schlömer, S.; Stechow, C. V. (Eds.). Renewable energy sources and climate change mitigation: Special report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. New York: Cambridge University Press, 2011. Disponível em: <https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/2018/03/SRREN_Full_Report-1.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2021.

Estefen, S.; Costa, P. R.; Pinheiro, M. M.; Ricarte, E.; Mendes, A.; Esperança, P. T. Geração de energia elétrica pelas ondas do mar. 2006. Disponível em: <https://www.coppe.ufrj.br/pt-br/geracao-de-energia-eletrica-pelas-ondas-do-mar-0>. Acesso em: 21 fev. 2021.

EPE - Empresa de Pesquisa Energética. Atlas de eficiência energética: Brasil/2019 - relatório de indicadores. 2019. Disponível em: <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-461/Atlas da Eficência Energética do Brasil (002).pdf>. Acesso em: 19. nov. 2020.

EPE - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional 50 anos: cinquenta anos de estatísticas energéticas (BEN 50 ANOS). 2019. Disponível em: <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/Documents/BEN%2050%20anos.pdf>. Acesso em: 19 out. 2020.

EPE - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional (BEN) 2020: Ano base 2019, 2020. Disponível em <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-479/topico-528/BEN2020_sp.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2020.

EPE - Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional (BEN) 2020: Relatório Síntese/Ano base 2019. 2020. Disponível em: <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-479/topico-521/Relatório Síntese BEN 2020-ab 2019_Final.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2020.

Goldemberg, J.; Lucon, O. Energia e meio ambiente no Brasil. Estudos Avançados, v. 21, n. 59, p. 7-20, 2007. https://doi.org/10.1590/S0103-40142007000100003

Goldemberg, J. Biomassa e energia. Quimica Nova, v. 32, n. 3, p. 582-587, 2009. https://doi.org/10.1590/S0100-40422009000300004

Goldemberg, J. Atualidade e perspectivas no uso de biomassa para geração de energia. Revista Virtual de Química, v. 9, n. 1, p. 15-28, 2017.

GWEC - Global Wind Energy Council. Global Wind Statistics 2017. 2018. Disponível em: <https://gwec.net/wp-content/uploads/vip/GWEC_PRstats2017_EN-003_FINAL.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2020. 

IEA - International Energy Agency. World energy balances overview. 2019. Disponível em: <https://www.iea.org/publications/freepublications/>. Acesso em: 19 nov. 2020.

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change. Climate change 2013: The physical science basis. Genebra: IPCC, 2013. Disponível em: <https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/2018/03/WG1AR5_SummaryVolume_FINAL.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2021.

Kalogirou, S. A. Engenharia de energia solar: processos e sistemas. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.

Leite Neto, P. B.; Saavedra, O. R.; Camelo, N. J.; Ribeiro, L. A. S.; Ferreira, R. M. Exploração de energia maremotriz para geração de eletricidade: aspectos básicos e principais tendências. Ingeniare. Revista Chilenade Ingeniería, v. 19, n. 2, p. 219-232, 2011. https://doi.org/10.4067/S0718-33052011000200007

Leite, R. C. C.; Leal, M. R. L. V. O biocombustível no Brasil. Novos Estudos CEBRAP, n. 78, p. 15-21, 2007. https://doi.org/10.1590/S0101-33002007000200003

Lu, X.; McElroy, M. B.; Kiviluoma, J. Global potential for wind-generated eletricity. PNAS, v 106, n. 27, p. 10933-10938, 2009. https://doi.org/10.1073/pnas.0904101106

Machado, C. T.; Miranda, F. S. Energia solar fotovoltaica: uma breve revisão. Revista Virtual de Química, v. 7, n. 1, p. 126-143, 2015.

Marques, J. Turbinas eólicas: modelo, análise e controle do gerador de indução com dupla alimentação. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2004. (Dissertação de mestrado).

Micha, D. N.; Torres Junior, R.; Rocha, B. V.; Silva, D. A.; Almeida, L. B. O atual desafio energético-ambiental mundial e a energia solar fotovoltaica. Revista Tecnologia & Cultura, v. 21, n. 31, p. 77-86, 2018.

MME/EPE - Ministério de Minas e Energia/Empresa de Pesquisa Energética. Plano Decenal de Expansão de Energia 2024. Rio de Janeiro: MME/EPE, 2015. Disponível em: <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-45/topico-79/Relatório Final do PDE 2024.pdf>. Acesso em: 26 out. 2020.

MME/EPE - Ministério de Minas e Energia/Empresa de Pesquisa Energética. Potencial de Recursos Energéticos no Horizonte 2050. Rio de Janeiro: MME/EPE, 2018. Disponível em: <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-227/topico-416/03. Potencial de Recursos Energéticos no Horizont 2050 (NT PR 04-18).pdf>. Acesso em: 26 out. 2020.

MME/EPE - Ministério de Minas e Energia/Empresa de Pesquisa Energética. Plano Decenal de Expansão de Energia 2029. Rio de Janeiro: MME/EPE, 2019. Disponível em: <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/Publicacoes Arquivos/publicacao-422/PDE 2029.pdf>>. Acesso em: 22 jan. 2021.

Nascimento, T. C.; Mendonca, A. T. B. B.; Cunha, S. K. Inovação e sustentabilidade na produção de energia: o caso do sistema setorial de energia eólica no Brasil. Cadernos EBAPE.BR, v. 10, n. 3, p. 630-651, 2012. https://doi.org/10.1590/S1679-39512012000300010

OES - Ocean Energyu Systems. An international vision for ocean energy 2017. 2017. Disponível em: <https://testahemsidaz2.files.wordpress.com/2017/03/oes-international-vision.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2020.

Pedrosa, P. G. B. M. Desafios da regulação do setor elétrico, modicidade tarifária e atração de investimentos. Brasília: ANEEL, 2005.

Piacentini, P. Faltam estratégias no Brasil para gerar energia das marés. Ciência e Cultura, v. 68, n. 3, p. 11-13, 2016.

Picolo, A. P.; Rühler, A. J.; Rampinelli, G. A. Uma abordagem sobre a energia eólica como alternativa de ensino de tópicos de física clássica. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 36, n. 4, p. 4306, 2014. https://doi.org/10.1590/S1806-11172014000400007

Pinto, R. J.; Santos, V. M. L. Energia eólica no Brasil: evolução, desafios e perspectivas. Journal on Innovation and Sustainability, v. 10, n. 1, p. 124-142, 2019.

Queiroz, R.; Grassi, P.; Lazzare, K.; Koppe, E.; Tartas, B. R.; Kemerich, P. D. C. Geração de energia elétrica através da energia hidráulica e seus impactos ambientais. REGET, v. 13, n. 13, p. 2774-2784, 2013. https://doi.org/10.5902/223611709124

Silva, W. A.; Campos, V. R. Etanol (CAS No. 64-17-5). Revista Virtual de Química, v. 5, n. 5, p. 1007-1021, 2013.

Tolmasquim, M. T. As origens da crise energética brasileira. Ambiente & Sociedade, n. 6/7, p. 179-183, 2000. https://doi.org/10.1590/S1414-753X2000000100012

Tolmasquim, M. T. Energia renovável hidráulica, biomassa, eólica, solar e oceânica. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Empresa de Pesquisa Energética, 2016.

Vasconcelos, Y. A ascensão dos elétricos: automóveis movidos à eletricidade não deverão representar 16% da frota mundial até 2030. Revista Pesquisa FAPESP, n. 258, p. 18-27, 2017.

Vichi, F. M.; Mansor, M. T. C. Energia, meio ambiente e economia: o Brasil no contexto mundial. Química Nova, v. 32, n. 3, p. 757-767, 2009.


 

ISSN 2359-1412