Revista Brasileira de Gestao Ambiental e Sustentabilidade (ISSN 2359-1412)
Bookmark this page

Home > Edições Anteriores > v. 7, n. 15 (2020) > Paiva

 

Vol. 7, No 15, p. 171-191 - 30 abr. 2020

 

O uso dos extratos vegetais da Caatinga e da Amazônia para produção de fitocosméticos



Paula Cristina Barros Paiva e Reinaldo Farias Paiva de Lucena

Resumo
O aumento da consciência da população sobre a questão da sustentabilidade trouxe uma visão sobre a preocupação ambiental e com isso alguns consumidores passaram a utilizar produtos cosméticos naturais, de forma que o extrativismo da matéria prima provoque mínimo ou nenhum impacto, por se tratar de fonte renovável, partindo disto as empresa priorizam como mão de obra a comunidade local, pelo fato de ter o conhecimento da região e o interesse em manter a floresta apta à produção, gerando um mercado econômico para estes produtos. A Amazônia é a maior produtora de matérias primas para este ramo, porém a região da Caatinga também possui potencial para os fitocosméticos, o que falta é um olhar empresarial e de pesquisa, para explorar a região e com isso contribuir para o alavanque econômico do bioma. Partindo deste cenário, o objetivo desta pesquisa foi de traçar um perfil do consumidor de fitocosméticos acerca do conhecimento das matérias primas utilizadas nos produtos. É constatado que a transmissão de conhecimento acontece através das gerações e que a Aloe vera foi a planta mais citada com os seus benefícios propagados. Foi comprovado através das respostas do questionário a afirmação de que esses consumidores possuem preocupação com o meio ambiente, com a saúde da pele, no uso do que é natural evitando reações tóxicas.


Palavras-chave
Fitocosméticos; Consumidores; Bioma amazônico; Bioma da caatinga.

Abstract
The use of Caatinga and Amazon plant extracts for the production of phytocosmetics. The increasing population awareness of sustainability issues has brought insights into environmental concerns and, as a result, some consumers have started to use natural cosmetic products, so that the extraction of raw materials causes minimal or no impact, as it is a renewable source. Based on this, the companies prioritize the local community as labor force, because they have knowledge of the region and an interest in keeping the forest able for production, generating an economic market for these products. The Amazon is the largest producer of raw materials for this branch, but the Caatinga region also has potential for phytocosmetics, even though it lacks a business and research look, to explore the region and thereby contribute to the economic leverage of the biome. From this scenario, the objective of this research was to draw a profile of the phytocosmetics consumer about the knowledge of the raw materials used in the products. It is found that the transmission of knowledge happens through the generations and that Aloe vera was the most cited plant with its propagated benefits. It was proved through the answers of the questionnaire, the statement that these consumers have concern with the environment, with the health of the skin, in the use of what is natural, avoiding toxic reactions.


Keywords
Phytocosmetics; Consumers; Amazonian biome; Caatinga biome.

DOI
10.21438/rbgas(2020)071513

Texto completo
PDF

Referências
ABIHPEC - Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. 2018. Disponível em: <http://www.abihpec.org.br>. Acesso em: 16 mar. 2019.

Alonso, J. Tratados de fitofarmacos y nutraceuticos. 2. ed. Argentina: Corpus Editorial, 2007.

Araújo, A. I. F.; Lima, E. P.; Silva, G. A.; Santos, O. H.; Soares, T. F. Plantas nativas do Brasil empregadas em fitocosmética. Anais da X Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão, Recife, 2010.

Atherton, P. Aloe vera revisited. The British Journal of Phytotherapy, v. 4, n. 4, p. 176-183, 1997.

Baltar, F.; Brunet, I. Social research 2.0: Virtual snowball sampling method using Facebook. Internet Research, v. 22, n. 1, p. 57-74, 2012. https://doi.org/10.1108/10662241211199960

Behrens, I.; Chociai, J. G. A cosmetovigilância como instrumento para a garantia da qualidade na indústria de produtos cosméticos. Visão Acadêmica, v. 8, n. 1, p. 31-35, 2007. https://doi.org/10.5380/acd.v8i1.11663

Borges, R. C. G.; Pacifico, M.; Rosa, G. A. A produção de fitocosméticos e cultivo sustentável da biodiversidade no Brasil. Revista: Reunião Anual e Ciências, v. 3, n. 1, p. 1-10, 2013.

Brasil. Resolução ANVISA DC no 07, de 10 de fevereiro de 2015. Dispõe sobre os requisitos técnicos para a regularização de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes e dá outras providências. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2867685/RDC_07_2015_.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2019.

Brausch, J.; Rand, G. A review of personal care products in the aquatic environment: Environmental concentrations and toxicity. Chemosphere, v. 82, n. 11, p. 1518-1532, 2011. https://doi.org/10.1016/j.chemosphere.2010.11.018

Brundtland, G. H. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: FGV, 1987.

Camargos, C.; Mendonça, C.; Duarte, S. Da Imagem visual do rosto humano: simetria, textura e padrão. Saúde e Sociedade, v. 18, p. 395-410, 2009.

Carvalho, J. C. T. Formulário médico-farmacêutico de fitoterapia. 2. ed. São Paulo: Pharmabooks, 2005.

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de S7atilde;o Paulo. Qualidade das praias litorâneas no Estado de São Paulo. São Paulo: CETESB, 2012.

Costa, R. C; Nunez, C. V. Mercado de bioprodutos fitoterápicos e fitocosméticos: gestão, tecnologias e inovação. Revista Fitos, v. 10, n. 3, p. 220-372, 2016. https://doi.org/10.5935/2446-4775.20160023

Cunha, A. P. Farmacognosia e Fitoquímica. 1. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2005.

Eshun, K.; He, Q. Aloe vera: A valuable ingredient for the food, pharmaceutical and cosmetic industries - a review. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v. 44, n. 2, p. 91-96, 2004.

Femenia, A.; Sánchez, E. S.; Simal, S.; Rosseló, C. Compositional features of polysaccharides from Aloe vera (Aloe barbadensis Miller) plant tissues. Carbohydrate Polymers, v. 39, n. 2, p. 109-117, 1999. https://doi.org/10.1016/S0144-8617(98)00163-5

Figueiredo, B. Desenvolvimento e estabilidade preliminar de um fitocosmético contendo extrato de chá verde (Camellia sinensis) (L.) Kuntze (Theaceae). Revista Brasileira de Farmácia, v. 95, n. 2, p. 770-788, 2014.

Fonseca-Santos, B.; Corrêa, M. A.; Chorilli, M. Sustainability, natural and organic cosmetics: Consumer, products, efficacy, toxicological and regulatory considerations. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 51, n. 1, p. 17-26, 2015. https://doi.org/10.1590/S1984-82502015000100002

Forzza, R. C.; Baumgratz, J. F. A.; Bicudo, C. E. M.; Carvalho Jr., A. A.; Costa, A.; Costa, D. P.; Hopkins, M.; Leitman, P. M.; Lohmann, L. G.; Maia, L. C.; Martinelli, G.; Menezes, M.; Morim, M. P.; Coelho, M. A. N.; Peixoto, A. L.; Pirani, J. R.; Prado, J.; Queiroz, L. P.; Souza, V. C.; Stehmann, J. R.; Sylvestre, L. S.; Walter; B. M. T.; Zappi, D. Introdução: síntese da diversidade brasileira. In: Forzza, R. C.; Baumgratz, J. F. A.; Bicudo, C. E. M.; Carvalho Jr., A. A.; Costa, A.; Costa, D. P.; Hopkins, M.; Leitman, P. M.; Lohmann, L. G.; Maia, L. C.; Martinelli, G.; Menezes, M.; Morim, M. P.; Coelho, M. A. N.; Peixoto, A. L.; Pirani, J. R.; Prado, J.; Queiroz, L. P.; Souza, V. C.; Stehmann, J. R.; Sylvestre, L. S.; Walter; B. M. T.; Zappi, D. Catálogo de plantas e fungos do Brasil. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio, Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. v. 1. p. 19-42.

Fraga, H.; Atauri, I. G. C.; Malheiro, A. C.; Santos, J. A. Modelling climate change impacts on viticultural yield, phenology and stress conditions in Europe. Global Change Biology, v. 22, n. 11, p. 3529-3828, 2016. https://doi.org/10.1111/gcb.13382

Galembeck, F.; Csordas, Y. Cosméticos: a química da beleza. Sala de Leitura, 2009. Disponível em: <http://fisiosale.com.br/assets/9noções-de-cosmetologia-2210.pdf>. Acesso em: 06 ago. 2019.

Gonçalves, J.; Henkes, J. Produção de cosméticos de forma mais sustentável. Revista de Gestão & Sustabilidade Ambiental, v. 5, n. 1, p. 473-488, 2016. https://doi.org/10.19177/rgsa.v5e12016473-488

Isaac, V. L. B.; Cefali, L. C.; Chiari, B. G.; Oliveira, C. C. L. G.; Salgado, H. R. N.; Corrêa, M. A. Protocolo para ensaios físico-químicos de estabilidade de fitocosméticos. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 29, n. 1, p. 81-96, 2008.

Kumar, N. Variabily in coconut (Coco nucifera L.) germplasm and hybrids for fatty acid profile of oil. Journal of Agricultural Food Chemistry, v. 59, p. 1350-1358, 2011.

Leja, P.; Ross-Fichtner, R. What green means for cosmetics. Cosmetics & Toiletries, 2014. Disponível em: <http://www.cosmeticsandtoiletries.com/regulatory/organic/What-Green-Means-For-Cosmetics-premium-265533121.html>. Acesso em: 06 ago. 2019.

Lyrio, E.; Ferreira, G.; Zuqui, S.; Silva, A. Plant resources in biocosmetic: A new conception beauty, health, and sustainability. Natureza Online, v. 9, n. 1, p. 47-51, 2011.

Juhász, M.; Marmur, E. S. A review of selected chemical additives in cosmetic products. Dermatology Therapy, v. 27, n. 6, p. 317-322, 2014.

Maia, J. M.; Sousa, V. F. O.; Lira, E. H. A.; Lucena, A. M. A. Motivações socioeconômicas para a conservação e exploração sustentável do Bioma Caatinga. Desenvolvolvimento e Meio Ambiente, v. 41, p. 295-310, 2017. https://doi.org/10.5380/dma.v41i0.49254

Marconi, M.; Lakatos, E. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MMA - Ministério do Meio Ambiente. Estudo reúne dados sobre a zona costeira. 2016. Disponível em: <http://revistaecoturismo.com.br/turismo-sustentabilidade/estudo-reune-dados-sobre-a-zona-costeira. Acesso em: 06 ago. 2019.

Oussalah, M.; Caillet, S.; Saucier, L.; Lacroix, M. Inhibitory effects of selected plant essential oils on the growth of four pathogenic bacteria: E. coli O157:H7, Salmonella typhimurium, Staphylococcus aureus and Listeria monocytogenes. Food Control, v. 18, n. 5, p. 414-420, 2007. https://doi.org/10.1016/j.foodcont.2005.11.009

Peattie, K. Green marketing. In: Baker, M.; Hart, S. The marketing book. 6 ed. Oxford: Elsevier, 2008. p. 562-582.

Peattie, K.; Charter, M. Green marketing. In: Baker, M. J. The marketing book. Massachusetts: Butterworth-Heinemann, 2003. p. 726-756.

Sahota, A. Sustainability: How the cosmetics industry is greening up. London: John Wiley & Sons, 2014.

Silva, A. T. R. A conservação da biodiversidade entre os saberes da tradição e a ciência. Estudos Avançados, v. 29, n. 83, p. 233-259, 2015. https://doi.org/10.1590/S0103-40142015000100012

Sousa, K.; Santoyo, A. H.; Rocha Junior, W. F.; Matos, M. R.; Silva, A. C. Bioeconomia na Amazônia: uma análise dos segmentos de fitoterápicos & fitocosméticos, sob a perspectiva da inovação. Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science, v. 5, n. 3, p. 151-171, 2016. https://doi.org/10.21664/2238-8869.2016v5i3.p151-171

Surjushe, A.; Vasani, R.; Saple, D. G. Aloe vera: A short review. Indian Journal of Dermatology, v. 53, n. 4, p. 163-166, 2008. https://doi.org/10.4103/0019-5154.44785

Teske, M.; Trentini, A. Herbarium: compêndio de fitoterapia. Curitiba: Herbarium Laboratório Botânico, 2001.

Trevisan, C. A. Cosmetovigilância e BPF. Cosmetics e Toiletries, v. 18, p. 44, 2006.


 

ISSN 2359-1412