Vol. 9, No 23, p. 1193-1209 - 31 dez. 2022
Perfil epidemiológico do escorpionismo nas microrregiões do Estado da Paraíba, Nordeste do Brasil
Nathália Roberta Barbosa Lins Larissa Gerônimo Ferreira Rebeca Laís Quirino Constâncio da Silva Evaldo Hipólito de Oliveira e Leonardo Ferreira Soares
Resumo
Acidentes ocasionados por animais peçonhentos e venenosos são responsáveis pela alta taxa de morbidade e mortalidade em todo o Mundo. Altamente negligenciados, os acidentes que envolvem esses animais são um importante problema de saúde pública, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais. A atual investigação trata de um estudo retrospectivo, que descreve as características epidemiológicas dos acidentes ocasionados por escorpiões no Estado da Paraíba, localizado no Nordeste Brasileiro, entre 2014 e 2019. Portanto, o estudo desenvolvido tem como objetivo, produzir informações que possam contribuir, para a investigação dos acidentes escorpiônicos ocorridos no Estado Paraíba, buscando formas para tentar facilitar a atuação da vigilância epidemiológica, em relação a esses acidentes. Desse modo, foram analisados 22.885 acidentes de natureza escorpiônica. Para análise dos dados foram utilizados testes estatísticos não paramétricos para verificar a associação entre algumas variáveis presentes no banco de dados, por meio do Software BioEstat 5.3, considerando-se 5% de significância. Foi constatado que os acidentes ocorreram ao longo de todos os meses, dos anos estudados. As microrregiões que apresentaram os maiores índices de acidentes foram os Municípios de João Pessoa (n = 12.006; 52,45%), seguido de Campina Grande (n = 6.278; 27,43%). A maioria das vítimas acometidas foram do sexo feminino, com faixa etária predominante entre 20 e 39 anos. O suporte médico foi realizado na sua grande maioria entre 0 e 3 h após a ocorrência dos acidentes. A maior parte dos acidentes foi considerado leve e evoluíu para cura, e 16 óbitos foram registrados. O aumento da prevalência de casos na Paraíba, propõe que essa localidade pode ser considerada uma região endêmica para os acidentes ocasionados por escorpiões. Dessa forma, podemos considerar esse tipo de acidente um problema de saúde pública, evidenciando a importância da supervisão econtrole dos casos ao longo de todos os meses do ano.
Palavras-chave
Escorpiões; Epidemiologia; Saúde pública; Saúde ambiental.
Abstract
Epidemiological profile of scorpionism in the microregions of the State of Paraíba, Northeast
Brazil. Accidents caused by venomous and poisonous animals are responsible for the high rate
of morbidity and mortality worldwide. Highly neglected, accidents involving these animals are an
important public health problem, especially in tropical and subtropical regions. The current
investigation deals with a retrospective study, which describes the epidemiological characteristics
of accidents caused by scorpions in the State of Paraíba, located in Northeast Brazil, between 2014
and 2019. Therefore, the developed study aims to produce information that can contribute to the
investigation of scorpion accidents that occurred in the State of Paraíba, seeking ways to try to
facilitate the performance of epidemiological surveillance in relation to these accidents. Thus,
22,885 accidents of scorpion nature were analyzed. For data analysis, non-parametric statistical
tests were used to verify the association between some variables present in the database, using the
BioEstat 5.3 Software, considering a 5% significance level. It was found that accidents occurred
throughout all months of the years studied. The microregions with the highest accident rates were
the Municipalities of João Pessoa (n = 12,006; 52.45%), followed by Campina Grande (n = 6,278;
27.43%). Most of the affected victims were female, with a predominant age group between 20 and
39 years. Medical support was mostly provided between 0 and 3 hours after the occurrence of
accidents. Most accidents were considered mild and progressed to healing, and 16 deaths were
recorded. The increase in the prevalence of cases in Paraíba suggests that this location can be
considered an endemic region for accidents caused by scorpions. Thus, we can consider this type
of accident a public health problem, highlighting the importance of supervision and control of
cases throughout all months of the year.
Keywords
Scorpions; Epidemiology; Public health; Environmental health.
DOI
10.21438/rbgas(2022)092306
Texto completo
PDF
Referências
Albuquerque, C. M. R.; Santana Neto, P. L.; Amorim, M. L. P.; Pires, S. C. V. Pediatric epidemiological
aspects of scorpionism and report on fatal cases from Tytius stigmurus Stings (Scorpiones:
Buthidae) in State of Pernanbuco, Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical,
v. 46, n. 4, p. 484-489, 2013. https://doi.org/10.1590/0037-8682-0089-2013
Albuquerque, I. C. S.; Albuquerque, H. N.; Albuquerque, E. F.; Nogueira, A. S.; Farias, M. L. C.
Escorpionismo em Campina Grande (PB). Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 4,
n. 1, p. 2-10, 2004.
Almeida, C. A.; Silva, G. M.; Coelho, A. S. Características clínicas epidemiológicas dos casos de
acidentes com escorpiões nos territórios de Sergipe, Brasil. Interfaces Científicas - Saúde e
Ambiente, v. 8, n. 1, p. 43-60, 2019. https://doi.org/10.17564/2316-3798.2019v8n1p43-60
Amorim, M. G. B. Acidentes por escorpiões notificados por um hospital universitário em João
Pessoa no biênio de 2018-2019. João Pessoa: UFPB, 2020. (TCC de graduação).
Araújo, K. A. M.; Tavares, A. V.; Marques, M. R. V.; Vieira, A. A.; Leite, R. S. Epidemiological
study of scorpion stings in the Rio Grande do Norte State, Northeastern Brazil. Revista do
Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 59, e58, 2017. https://doi.org/10.1590/S1678-9946201759058
Barbosa, A. D.; Silva, J. A.; Cardoso, M. F. E. C.; Meneses, J. N. C.; Cunha, M. C. M.; Haddad,
J. P. A.; Nicolino, R. R.; Magalhães, D. F. Distribuição espacial de acidentes escorpiônicos
em Belo Horizonte, Minas Gerais, 2005 a 2009. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia, v. 66, n. 3, p. 721-730, 2014. https://doi.org/10.1590/16784162-7116
Barbosa, I. R. Aspectos clínicos e epidemiológicos dos acidentes provocados por animais
peçonhentos no Estado do Rio Grande do Norte. Revista Ciência Plural, v. 1, n. 3,
p. 2-13, 2016.
Barros, R. M.; Pasquino, J. A.; Peixoto, L. R.; Targino, I. T. G.; Sousa, J. A.; Leite,
R. S. Clinical and epidemiological aspects of scorpion stings in the Northeast Region of
Brazil. Revista de Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 4, p. 1275-1282, 2014.
https://doi.org/10.1590/1413-81232014194.01602013
Brazil, T. K.; Porto, T. J. Os escorpiões. Salvador: EDUFBA, 2010.
Bruns, S. F.; Luiza, V. L.; Oliveira, E. A. Gestão da assistência farmacêutica em municípios
do Estado da Paraíba (PB): olhando a aplicação de recursos públicos. Revista de
Administração Pública, v. 48, n. 3, p. 745-765, 2014. https://doi.org/10.1590/0034-76121502
Campolina, D. Georreferenciamento e estudo clínico-epidemiológico dos acidentes escorpiônicos
atendidos em Belo Horizonte, no serviço de toxologia de Minas Gerais. Belo Horizonte: UFMG,
2006. (Dissertação de mestrado).
Carmo, E. A.; Nery, A. A.; Pereira, R.; Rios, M. A.; Casotti, C. A. Fatores associados à gravidade
do envenenamento por escorpiões. Texto & Contexto - Enfermagem, v. 28, e20170561, 2019.
https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2017-0561
Chippaux, J. P.; Goyffon, M. Epidemiology of scorpionism: A global appraisal. Acta Tropica,
v. 107. n. 2, p. 71-79, 2008. https://doi.org/10.1016/j.actatropica.2008.05.021
Ciruffo, P. D.; Coutinho, L. O.; Boroni, J. D.; Diniz, A. E. T.; Diniz, W. F. Escorpionismo:
quadro clínico e manejo dos pacientes graves. Revista Médica Minas Gerais, v. 22,
Suppl. 8, p. 29-33, 2012.
Félix, A. L. M. Estudo epidemiológico dos casos de acidentes por escorpiões do Estado da
Paraíba. Cuité: UFCG, 2019. (TCC graduação).
Fracolli, L. A. Acidentes por escorpiões no Estado de São Paulo: uma abordagem sócio-demográfica.
Revista Uningá, v. 18, n. 1, p 161-174, 2008.
Furtado, S. D. S. Estudo epidemiológico dos casos de acidentes por escorpião no Estado do
Ceará, de 2007 a 2013. Cuité: UFCG, 2015. (Dissertação de mestrado).
Gomez, M.; Lucena, E. A. R. M.; Lima, A. G. D. Escorpionismo em indígenas da Região Nordeste do
Brasil: estudo retrospectivo das notificações ao SINAN de 2007 a 2014. Revista Ouricuri,
v. 7, n. 1, p. 12-24, 2017.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População 2010. Disponível em:
<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pb>.
Acesso em: 15 abr. 2021.
MS - Ministério da Saúde. Guia de vigilância e saúde. 3. ed. Brasília: MS, 2019. Disponível em:
<https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/junho/25/guia-vigilancia-saude-volume-unico-3ed.pdf>.
Acesso em: 20 mar. 2021.
MS - Ministério da Saúde. Manual de controle de escorpiões. Brasília: Secretaria de Vigilância
e Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica, 2009. Disponível em: <https://portal.saude.gov.br/arquivos/pdf/manual_escorpioes_web.pdf>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
Oliveira, H. F. A.; Lopes, Y. A. C. F.; Barros, R. M.; Vieira, A. A.; Leite, R. S. Epidemiologia dos
acidentes escorpiônicos ocorridos na Paraíba - Nordeste do Brasil. Revista Biofar, v. 8,
n. 2, p. 86-96, 2012.
Pinto, G. F. S. G.; Pessoa, A. M.; Silva Júnior, N. J. Acidentes com escorpiões nas capitais brasileiras
entre 2007 e 2014. Estudos, v. 42, n. 4, p. 539-546, 2015.
Porto, T. J.; Brazil, T. K.; Lira-da-Silva, R. M. Scorpions, State of Bahia, Northeastern Brazil.
Check List, v. 6, n. 2, p. 292-297, 2010. https://doi.org/10.15560/6.2.292
Santana, V. T. P.; Suchura, E. P. Epidemiologia dos acidentes com animais peçonhentos registrados
em Nova Xavantina-MT. Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção, v. 5, n. 3,
p. 141-146, 2015. https://doi.org/10.17058/reci.v5i3.5724
Silva, P. M.; Moura, W. M.; Pessoa, A. M.; Pinto, R. N. L.; Silva Jr., N. J. O escorpionismo na
Microrregião de Goiânia, Estado de Goiás (2007-2011). Estudos Vida e Saúde, v. 45, n. 1,
p. 55-65, 2018. https://doi.org/10.18224/evs.v45i1.5841
SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Acidente por animais peçonhentos.
2016. Disponível em: <https://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinannet/animaisp/bases/animaisbrnet.def>.
Acesso em: 12 abr. 2021.
ISSN 2359-1412