Vol. 9, No 23, p. 1117-1132 - 31 dez. 2022
Condição térmica em sala de aula semiárido paraibano
Wilma Fernandes Pinheiro e Joel Silva dos Santos
Resumo
Com um olhar sobre o microclima, a saúde dos estudantes e a arquitetura do edifício escolar, este trabalho teve como objetivo identificar condições térmicas locais em uma sala de aula e comparar as relações entre as temperaturas horárias dentro e fora desta sala de aula localizada em uma escola pública na Região Semiárida do Nordeste brasileiro, especificamente no Município de Cajazeiras, Estado da Paraíba. Foram registradas temperaturas do ar, em sete dias do período chuvoso (1 a 7 de fevereiro de 2022), através de aparelhos termo higrômetros HOBO Data Logger U-10, instalados em uma sala de aula e em dois pontos externos, sendo um descoberto e outro embaixo de uma árvore. Com os resultados, foi possível verificar, em maior número de horários, temperaturas do ar mais elevadas no interior da sala de aula, com valores médios superiores de até 6 oC a mais que o ponto externo descoberto e de até 3 oC a mais que o ponto externo sombreado por árvore, o que representa aumento da carga térmica necessária para resfriamento artificial. Essa constatação sugere um aprofundamento sobre as soluções possíveis para melhoriada eficiência energética e das condições térmicas no interior da sala de aula analisada.
Palavras-chave
Temperatura do ar; Sala de aula; Eficiência energética; Conforto térmico.
Abstract
Thermal condition in a classroom in the Semi-Arid Region of Paraíba. With a look
at the microclimate, students’ health and the architecture of the school building, this
work aimed to identify local thermal conditions in a classroom and compare the
relationships between hourly temperatures inside and outside this classroom located in
a public school in the semi-arid Region Northeast, Brazil, specifically in the
Municipality of Cajazeiras, State of Paraíba. Air temperatures were recorded on seven
days of the rainy season (February 1 to 7, 2022), using HOBO Data Logger U-10
thermohygrometer devices, installed in a classroom and in two external points, one
uncovered and the other under a tree. With the results, it was possible to verify, in
a greater number of times, higher air temperatures inside the classroom, with higher
average values of up to 6 oC higher than the uncovered external point and up
to 2 oC higher. than the external tree-shaded point, which represents an
increase in the thermal load required for artificial cooling. This finding suggests an
in-depth look at the possible solutions to improve the thermal conditions inside
classroom and for energy efficiency.
Keywords
Air temperature; Classroom; Energy efficiency; Thermal comfort.
DOI
10.21438/rbgas(2022)092301
Texto completo
PDF
Referências
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 15220-3 - Desempenho térmico
de edificações - Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas
para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
Brito, F. B. R.; Silva, L. B.; Souza, E. L. S.; Barros, T. S. R. Study of Globe temperature
relative to air temperature during cognitive activities in information technology
laboratories. Work, v. 62, n. 3, p. 393-410, 2019. https://doi.org/10.3233/wor-192877
Cajazeiras. Plano de Educação do Município de Cajazeiras. Cajazeiras: Cajazeiras, 2015.
Costa, A. M. V. Adequação de edificações escolares ao contexto climático de Maceió-AL, com
vistas à otimização de seu desempenho térmico. Maceió: Universidade Federal de Alagoas,
2012. (Dissertação de mestrado).
Costa, A. M. V.; Barbirato, G. M. Arquitetura adaptada ao clima: análise comparativa dos Centros
de Atenção Integral à Criança de Maceió. Anais do X Encontro Nacional e VI Encontro Latino-Americano
de Conforto no Ambiente Construído, Natal, p. 883-892, 2009.
Corbella, O.; Yannas, S. Em busca de uma arquitetura sustentável para os trópicos: conforto
ambiental. Rio de Janeiro: Revan, 2009.
Elali, G. A. Ambientes para educação infantil: contribuição metodológica na avaliação
pós-ocupação de edificações e na elaboração de diretrizes para projetos arquitetônicos na área.
São Paulo: Universidade de São Paulo, 2002. (Tese de doutorado).
Fernandes, A. O.; Schwarz, M. L.; Galvão, J. C. A biodiversidade vegetal da Cidade de Cajazeiras-PB
nas representações da população local. Anais do XI Congresso de Iniciação Científica da Universidade
Federal de Campina Grande, 2014. Disponível em: <https://posgraduacao.ufcg.edu.br/anais/2014/resumos/xicicufcg_2385.pdf>.
Acesso em: 06 jun. 2020.
Frota, A. B.; Schiffer, S. R. Manual de conforto térmico. 5. ed. São Paulo: Studio Nobel,
2001.
Gartland, L. Ilhas de calor: como mitigar zonas de calor em áreas urbanas. São Paulo:
Oficina de Textos, 2010.
Grzybowski, G. T. Conforto térmico nas escolas públicas em Cuiabá-MT: estudo de caso.
Campo Grande: Universidade Federal de Mato Grosso, 2004. (Dissertação de mestrado).
Heywood, H. 101 regras básicas para uma arquitetura de baixo consumo energético. São
Paulo: Gustavo Gili, 2015.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Semiárido. Rio de Janeiro: IBGE, 2018.
Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/semiarido.shtm>.
Acesso em: 9 out. 2018.
INMET - Instituto Nacional de Meteorologia. Rede de estações automáticas. 2020. Disponível em:
<https://bdmep.inmet.gov.br/>.
Acesso em: 09 jan. 2020.
Jiang, J.; Wang, D.; Liu, Y.; Xu, Y.; Liu, J. A study on pupils' learning performance and
thermal comfort of primary schools in China. Building and Environment, v. 134,
p. 102-113, 2018. https://doi.org/10.1016/j.buildenv.2018.02.036
Kowaltowski, D. C. C. K. Arquitetura escolar: o projeto do ambiente de ensino. São Paulo:
Oficina de Textos, 2011.
Kowaltowski, D. C. C. K.; Labaki, L. C.; Silva, A.; Pina, S. A. M. G. Conforto e ambiente escolar.
Cadernos de Arquitetura, n. 3, p. 1-26, 2001.
Lamberts, R.; Dutra, L.; Pereira, F. Eficiência energética na arquitetura. 3. ed. rev. São
Paulo: Pro Livros, 2014.
Marçal, V. G. Análise de índices de conforto térmico não convencionais: uma avaliação em
ambiente escola. Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro Preto, 2016. (Tese de doutorado).
Marçal, V. G.; Souza, H. A.; Coelho, F. F. M.; Marçal, C. C. S. Relevância e percepção do conforto
térmico no processo de aprendizagem em sala de aula. Boletim Técnico do SENAC, v. 44, n. 2,
2018. https://doi.org/10.26849/bts.v44i2.693
Mascaró, L. E. A. R.; Mascaró, J. L. Vegetação urbana. 1. ed. Porto Alegre: UFRGS/FINEP,
2002.
Moraes, C. M. Conforto térmico em salas de aula no Brasil: análise experimental e numérica.
Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2009. (Tese de doutorado).
Oliveira, A. D. S.; Abreu, D. I.; Silva, G. C.; Meneses, S. L. C. Composição arbórea do IFPB -
Campus Cajazeiras. Revista Principia, n. 44, p. 176-184, 2019. https://doi.org/10.18265/1517-03062015v1n44p176-184
Perillo, P. J. L.; Campos, M. A. S.; Abreu-Harbich, L. V. Conforto térmico em salas de aula: revisão
sistemática da literatura. PARC - Pesquisa em Arquitetura e Construção, v. 8, n. 4,
p. 236-248, 2017. https://doi.org/10.20396/parc.v8i4.8650268
Paes, R. F. S. Conforto ambiental nas escolas públicas de ensino fundamental da Cidade do Rio de
Janeiro: uma contribuição à qualidade arquitetônica a partir da seleção do terreno e da
implantação. Rio de Janeiro: Universidade Federal de Rio de Janeiro, 2016. (Tese de doutorado).
Romero, M. A. B. Princípios bioclimáticos para o desenho urbano. Brasília: Ed. Universidade
de Brasília, 2013.
Souza, C. P.; Coelho, W. G.; Saraiva, A. L. B. C. Conforto térmico humano em ambientes escolares de
clima semiárido. Revista GeoInterações, v. 2, n. 1, p. 95-113, 2018.
Tibiriçá, A. L. S. Educação e conforto térmico: questionamentos e interpretações sobre espaço
escolar. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, 2008. (Dissertação de mestrado).
Tondo, G. H. Influência das estratégias bioclimáticas no desempenho térmico em edifícios escolares.
Joinville: Universidade do Estado de Santa Catarina, 2017. (Dissertação de mestrado).
Zomorodian, Z. S.; Tahsildoost, M.; Hafezi, M. Conforto térmico em edifícios educacionais: um artigo de
revisão. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 59, p. 895-906, 2016.
ISSN 2359-1412