Vol. 11, No 28, p. 777-790 - 31 ago. 2024
Caracterização física, química e potencial uso na indístria cosmecêutica da gordura vegetal do bati Ouratea parviflora (A.DC.) Baill. (Malpighiales: Ochnaceae)
Antônio Alkimim Rocha




Resumo
O Brasil é um país privilegiado quando se trata de diversidade biológica e com um amplo potencial gerador de serviços ecossistêmicos e ambientais, essa riqueza tem impulsionado o desenvolvimento da pesquisa e inovação no país, com resultados cada vez mais positivos. Nas últimas décadas, tem-se presenciado uma forte crescente em diversas áreas de pesquisas da biodiversidade da flora brasileira por incentivo de instituições públicas e privadas, desenvolvendo constantemente métodos de cultivo e processos biotecnológicos para aplicação industrial. As plantas dos biomas nordestinos têm despertado interesse na geração de produtos devido suas características únicas, neste cenário a Ouratea parviflora (A.DC.) Baill. (Malpighiales: Ochnaceae), conhecida como bati, é um exemplar que chama atenção devido sua utilização pelos descendentes de povos indígenas e quilombolas da região, na culinária e tratamentos fitoterápicos. O trabalho objetivou caracterizar os óleos fixos extraídos dos frutos do bati para identificação das propriedades físicas, químicas e bioquímicas para identificar usos potenciais na indústria cosmecêutica. Os frutos do bati foram coletados na região do Município de Santa Luzia de Touros, Estado do Rio Grande do Norte, NE Brasil, para extração da gordura vegetal por meio de cocção, dos quais foi obtido rendimento de 58,02%. Nas análises laboratoriais físicas e químicas, foram identificados nove ácidos graxos saturados e insaturados, sendo os de maior proporção o oleico (C18H34O2) 31,16002% e o palmítico (C16H32O2) 29,48771%, podendo ser empregado em cremes e emulsões cosméticas pelas suas propriedades emolientes e para recompor a oleosidade em peles ressecadas e com problemas dermatológicos.
Palavras-chave
Caracterização física e química; Óleo; Ouratea parviflora; Indústria cosmecêutica.
Abstract
Physical-chemical characterization and potential use in the cosmeceutical industry of vegetable fat from bati Ouratea parviflora (A.DC.) Baill. (Malpighiales: Ochnaceae). Brazil is a privileged country when it comes to biological diversity and potential to generate ecosystem and environmental services. This wealth has driven the development of research and innovation in the country, with increasingly positive results. In recent decades, we have witnessed a strong increase in several areas of research into the biodiversity of Brazilian flora, encouraged by public and private institutions, constantly developing cultivation methods and biotechnological processes for industrial application. Plants from Northeast biomes have aroused interest in thegeneration of products due to their unique characteristics. In this scenario, Ouratea parviflora (A.DC.) Baill. (Malpighiales: Ochnaceae), known as bati, is an example that draws attention dueto its use by the descendants of indigenous and quilombola peoples of the region, in cooking and herbal treatments. The work aimed to characterize the fixed oils extracted from bati fruits to identify their physicochemical and biochemical properties and its potential uses in the cosmeceutical industry. Bati fruits were collected in the Region Municipality of Santa Luzia de Touros, State of Rio Grande do Norte, NE Brazil, for extraction of vegetable fat through cooking, which obtained a yield of 58.02%. Physical-chemical laboratory analyzes identified nine saturated and unsaturated fatty acids, with the highest proportion, being oleic (C18H34O2) 31.16002%, and Palmitic (C16H32O2) 29.48771%, which can be used in creams and cosmetic emulsions by its emollient properties and to restore the natural oils in the skin preventing skin dryness and helping with dermatological problems.
Keywords
Physical-chemical characterization; Oil; Ouratea parviflora; Cosmeceutical industry.
DOI
10.21438/rbgas(2024)112816
Texto completo
Referências
Alvaro, J. Ácido palmítico tem destaque no setor cosmético. 2023. Disponível em: <https://www.quimica.com.br/acido-palmitico-tem-destaque-no-setor-cosmetico/>. Acesso em: 02 jun. 2023.
Amaral, M. C. E. Phylogenetische Systematik der Ochnaceae. Botanische Jahrbücher fur Systematik, Pflanzengeschichte und Pflanzengeographie, v. 113, n. 1, p. 105-196, 1991.
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia brasileira: Volume II - Monografias, insumos farmacêuticos e especialidades. 6. ed. Brasília: ANVISA, 2019. Disponível em: <http://bibliotecadigital.anvisa.ibict.br/jspui/bitstream/anvisa/798/1/VOLUME II FB.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2022.
Barros, K. S. Manteiga de bati (Ouratea parviflora): caracterização físico-química e utilização como substrato para produção de lipase por Aspergillus terreus em fermentação semi-sólida. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2018. (Dissertação de mestrado).
Brasil. Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: Plantas para o Futuro - Região Nordeste. Brasília: MMA, 2011a. Disponível em:
Brasil. Monitoramento do desmatamento nos biomas brasileiros por satélite. Brasília: MMA, 2011b. Disponível em: <https://antigo.mma.gov.br/estruturas/sbf_chm_rbbio/_arquivos/relatorio_tecnico_caatinga_2008_2009_72.pdf> Acesso em: 05 mar. 2022.
Castro, H. F.; Mendes, A. A.; Santos, J. C.; Aguiar, C. L. Modificações de óleos e gorduras por biotransformação. Química Nova, v. 27, n. 1, p. 146-156, 2004. https://doi.org/10.1590/S0100-40422004000100025
Correia, I. M. S.; Araújo, G.; Paulo, J. B. A.; Sousa, E. M. B. D. Avaliação das potencialidades e características físico-químicas do óleo de girassol (Helianthus annuus L.) e coco (Cocos nucifera L.) produzidos no Nordeste brasileiro. Scientia Plena, v. 10, n. 3, 034201, 2014.
EN - European Standard. EN 14103: Fat and oil derivatives - Fatty Acid Methyl Esters (FAME) - Determination of ester and linolenic acid methyl ester contents. Bruxelas: CEN, 2020. Disponível em: <https://standards.iteh.ai/catalog/standards/cen/2eb3696f-7f13-49f2-846e-0ebd8f4c42ea/en-14103-2020>. Acesso em: 05 jan. 2023.
Fonteles, J. M.; Santos, M. P.; Holanda, M. A.; Sousa, F. E. Fauna e flora Tremembé Região da Mata. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2014.
Gupta, R.; Kumari, A.; Syal, P.; Singh, Y. Molecular and functional diversity of yeast and lipases: Their role in biotechnology and celular physiology. Progress in Lipid Research, v. 57, p. 40-54, 2015. https://doi.org/10.1016/j.plipres.2014.12.001
IAL - Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.
IAL - Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 2. ed. São Paulo: IMESP, 1976. (Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz).
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção agrícola municipal 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022.
JBRJ - Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ouratea parviflora (A.DC.) Baill. In: JBRJ - Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Flora e Funga do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB31716>. Acesso em: 05 jan. 2023.
Jessen, R. J. Determining the fruit count on a tree by randomized branch sampling. Biometrics, v. 11, n. 1, p. 99-109, 1955. https://doi.org/10.2307/3001484
Paulo, M. Q; Lima, E. O.; Maia, R. F.; Xavier Filho, L. Atividade antimicrobiana do óleo dos frutos de Ouratea parviflora Baill (Ocnaceae). Ciência, Cultura, Saúde, v. 8, n. 3, p. 19-21, 1986.
Pinto, T. R. M. Estudo do potencial farmacoquímico do óleo de bati putá (Ouratea fieldingiana (Gardner) Engl.) como insumo farmacêutico. Fortaleza: Faculdade de Farmácia do Ceará, 2017. (Dissertação de mestrado).
Rotta, E.; Beltrami, L. C. C.; Zonta, M. Manual de prática de coleta e herborização de material botânico. Colombo: EMBRAPA Florestas, 2008. (EMBRAPA Florestas. Documentos, 173).
Suzart, L. R.; Daniel, J. F. S.; Carvalho, M. G.; Kaplan, M. A. C. Biodiversidade flavonoídica e aspectos farmacológicos em espécies dos gêneros Ouratea e Luxemburgia (Ochnaceae). Quimica Nova, v. 30, n. 4, p. 984-987, 2007. https://doi.org/10.1590/S0100-40422007000400038
ISSN 2359-1412